quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Antonia Silva vive sonho ao treinar com a seleção brasileira

Quando saiu a lista de convocadas para participar da semana de treinos da seleção brasileira feminina, Antônia leu o próprio nome e quase não acreditou. Instantaneamente, lembrou-se da infância vivida no pequeno município de Riacho de Santana, localizado a 425 quilômetros de Natal e que tem apenas 4 mil habitantes, e da primeira vez em que sonhou em se tornar jogadora de futebol. Aos poucos, compreendeu que o sonho, agora, é real: aos 22 anos de idade, a atleta potiguar veste a camisa verde e amarela pela primeira vez na carreira. Até sexta-feira, ela participa do trabalho comandado pela treinadora Emily Lima na Granja Comary, em Teresópolis.

- Chegar à seleção brasileira é estar vivendo a realização de um sonho. Tive uma surpresa muito grande com a convocação e estou ansiosa para jogar porque não era algo que eu esperava nesse momento. Eu sempre estive no futsal, tive poucas chances no campo e consegui chegar até aqui. Mas o futebol está dentro de mim. Sendo futsal ou campo, a essência é a mesma - declarou por telefone.



Sair de Riacho de Santana, com cerca de 4 mil habitantes, e alcançar a seleção brasileira de futebol é inexplicável para a atleta. Até receber o convite da equipe Valinhos para participar da Copa Juventus em 2016, a carreira de Antônia estava restrita ao futsal. Desde criança, ainda no município em que nasceu, a quadra foi o ambiente que a atleta escreveu a própria história. Por isso, o salto das quadras para a Seleção de campo é um espanto, mas positivo.

O primeiro contato com o futsal foi durante as aulas de Educação Física. Antônia gostou do esporte, passou a integrar a equipe de futsal feminino da escola de Riacho da Santana para disputar os Jogos Escolares do Rio Grande do Norte e ganhou destaque na competição. Foi nessa época, ainda criança, que recebeu o convite para jogar em uma escola de Natal. Com o incentivo da família, passou a atuar também na equipe feminina de futsal do ABC, com os professores Esmerino Análio e Izabel Carla, e quase viu o sonho ruir devido às dificuldades encontradas no cenário do Rio Grande do Norte.

- Quando eu jogava pelo ABC, em 2009, só tinha a gente no estado com equipe de futsal. Não tinha competitividade e a estrutura era pequena. Sabia que se eu ficasse aqui, as coisas seriam mais difíceis. Foi então que eu decidi ir para São Paulo correr atrás do meu sonho. Minha mãe mora aqui e isso facilitou a minha vinda. Eu ainda estava no ensino médio e comecei a jogar pela escola - contou.



Em São Paulo, passou a fazer parte da equipe de futsal da Portuguesa. Em 2011, foi para o São Bernardo e no ano seguinte chegou a equipe de São José dos Campos, onde permaneceu até 2016. Foi então que surgiu o convite da equipe de Valinhos para atuar no futebol de campo durante a Copa Juventus. Na competição, a jogadora ostentou a camisa 10 da equipe e foi vice-campeã.

Ao rever os desafios e os riscos que passou até o lugar que alcançou, a jogadora não se arrepende de nada, mas lamenta a saudade que tem da maior parte da família, que mora no Rio Grande do Norte.

- A maior dificuldade que eu passei foi ficar longe da família. A estrutura aqui em São Paulo é bem melhor que em Natal. Recebo bolsa, alojamento, tem muitos times competitivos... É um cenário muito melhor. Mas a maior parte da minha família está no Rio Grande do Norte. Se eu tivesse que falar algo para as meninas que estão começando agora, diria para não desistirem do sonho, por mais que ele pareça impossível - revelou.

A grande inspiração

Antônia Silva tem como grande inspiração a jogadora Formiga, recém-aposentada na Seleção. As duas jogam na mesma posição em campo, como volantes. Com 38 anos de idade, Formiga é a única atleta de futebol a participar seis Olimpíadas e se destaca pela dedicação e garra demonstrada durante a carreira. E é pela sua ausência na Seleção que Antônia tem o único lamento diante de um passo tão grande na carreira.



- A Formiga é minha grande inspiração. Vejo que eu tenho uma força de vontade parecida com a dela, que aguentou jogar seis Olimpíadas. A garra em campo, o posicionamento... Tudo que ela faz acaba me inspirando como jogadora. É uma pena que ela tenha se aposentado (na Seleção). Eu tenho o sonho de vestir mais vezes a camisa da Seleção e queria muito jogar ao lado dela - disse.

GloboEsporteRN*

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